Lista organizada pela Rush Arena mostra evolução das cifras recebidas pelos atletas desde 2001
Os atletas brasileiros de Esports nunca ganharam tanto dinheiro em premiações quanto agora. Conforme o portal Esports Earnigs , que registra esse tipo de ganho há mais de duas décadas, o País foi a segunda nação que mais levou dinheiro pela disputa de torneios até o momento em 2020.
Sete brasileiros figuram entre os 31 atletas de esportes eletrônicos que mais faturaram em premiações no início deste ano. O gaúcho Paulo Vitor “PVDDR”, campeão do Magic World Championship XXVI, lidera o ranking com os US$ 300 mil (R$ 1,38 milhão, na cotação atual) conquistados no torneio disputado no Havaí.
Em 10º lugar na lista está o time de Rainbow Six da Ninjas in Pyjamas, formado por Júlio “julio”, João “Kamikaze”, Murilo “Muzi”, Gabriel “pino” e Gustavo “Pscyho”. Eles foram vice campeões do Six Invitational jogado em Montreal (CAN), no último mês, e cada um levou para casa US$ 90 mil (R$ 416 mil). O último brasileiro a aparecer no Olimpo de endinheirados dos Esports é Henrique “Zezinho”, pro player de FIFA 20 pelo Benfica. Ele venceu o FUT Champions Cup Stage IV e abocanhou US$ 50 mil (R$ 231 mil).



Esses e alguns outros ganhos de 97 pro players de diferentes modalidades, somados, renderam aos atletas brasileiros, apenas em fevereiro, US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 5 milhões). Esse número representa quatro vezes mais do que o valor referente ao mesmo mês de 2019.
Se em 2019 inteiro as premiações de brazucas representaram algo em torno de R$ 22,3 milhões, conforme a cotação do dólar em dezembro, não é difícil prever que a barreira dos R$ 25 milhões seja quebrada em 2020. Não foi sempre assim, mas o histórico revela País em franca ascensão.
Relembre a história
Em 1998, apenas quatro países entraram nas estatísticas de premiações contabilizada pelo Esports Earnings: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Suécia, todos por competitivos do jogo de tiro Quake III. No ano seguinte, graças a Starcraft: Brood War, os sul-coreanos se juntaram à lista, que não parou de ganhar nações.
Em 2000, o ranking já contava com 23 países e apresentava uma variedade maior de jogos, a exemplo de Age of Empires II e Marvel vs. Capcom 2. O Brasil entrou na relação em 2001, devido a uma equipe nacional de Quake III e a um competidor de World of Warcraft, somando sete players premiados. Veja a lista abaixo com os ganhos ano a ano e a posição do Brasil no ranking da Esports Earnings:
2001 – 21º – US$ 2,5 mil ( 7 players premiados)
2002 – 21º – US$ 3,5 mil ( 21 players)
2003 – 18º – US$ 12,5 mil ( 16 Players)
2004 – 10º – US$ 59,9 mil ( 59 Players)
2005 – 12º – US$ 83,6 mil ( 43 Players)
2006 – 9º – US$ 113,7 mil ( 56 Players)
2007 – 15º – US$ 100,0 mil ( 21 Players)
2008 – 16º – US$ 66,4 mil ( 10 Players)
2009 – 28º – US$ 7,6 mil ( 11 Players)
2010 – 12º – US$ 93,0 mil ( 37 Players)
2011 – 24º – US$ 26,4 mil ( 31 Players)
2012 – 20º – US$ 84,3 mil ( 47 Players)
2013 – 20º – US$ 135,3 mil ( 79 Players)
2014 – 20º – US$ 232,3 mil (151 Players)
2015 – 17º – US$ 573,8 mil (504 Players)
2016 – 7º – US$ 2,8 milhões (496 Players)
2017 – 10º – US$ 3,4 milhões (744 Players)
2018 – 12º – US$ 3,5 milhões (699 Players)
2019 – 12º – US$ 5,5 milhões (948 Players)
2020 – 2º – US$ 1,2 milhões (128 Players) – até fevereiro
Os números foram crescendo, muito por conta do Counter-Strike, febre nacional. Em 2002, nomes tarimbados como Alexandre “Gaules” e times clássicos, a exemplo da MIBR, entraram no circuito de competições e fizeram barulho. No ano seguinte, os brazucas conquistaram troféus e tiveram boas participações em eventos internacionais.



Em 2006, foi o apogeu e também o fim de uma era. O título da MIBR (foto acima) sobre os suecos da fnatic, na Electronic Sports World Cup (ESWC) de 2006, é até hoje um marco e divisor de águas para o Esport nacional. O troféu mundial de FIFA do carioca Thiago Carriço, em 2004, ganhou certa repercussão, mas nada como a conquista no CS 1.6, um jogo coletivo e com um grande culto ao redor.
Aqueles 12 meses foram tão mágicos que até em games hoje pouco notórios houve muitos louros. Gregorio “deathgun” foi vice-campeão da WCG do jogo de estratégia Warhammer 40,000: Dawn of War. Esports incipientes como o TrackMania Nations, um jogo de corrida, também renderam premiações, à época, relevantes para pro players. Rodrigo “dido”, por exemplo, levou US$ 1 mil dólares ao ficar em penúltimo no TMN Verizon Playlinc, um torneio online.
Tudo mudou a partir dali, especialmente devido à proibição do Counter-Strike no Brasil, entre 2008 e 2009 por decisão da Justiça. O Brasil regrediu a faturamentos que remetiam a quatro ou cinco anos antes e menos pro players receberam alguma premiação. O cenário parecia morto, de maneira geral.



A situação só foi revertida no fim de 2009, e parece ter renovado a expectativa do cenário, porque no ano seguinte as coisas voltaram aos trilhos. Em 2010, houve um renascimento e quem encabeçou a lista de premiações foi Carlos Romão, campeão mundial de Magic Online daquele ano, o que lhe rendeu US$ 25 mil.
O ano de 2011 ainda foi devagar, mas com as chegadas de League of Legends em 2012, Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) e a concentração cada vez maior de marcas e organizações nas possibilidades esportivas e financeiras dos jogos, o que se viu foi uma curva ascendente.
Em 2016 houve a consolidação, tendo sido a primeira vez que times e players brasileiros faturaram acima de sete dígitos e conquistaram títulos mundiais, em especial no Counter-Strike. Em 2020, o cenário é de vários Esports grandes no País nos dando a possibilidade de visibilidade e muito lucro. A evolução acontece a olhos vistos.